segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Eu Não Diria Nada

Em cada sonho. Em cada folha. Em toda música. Nas casinhas. No banho...
No sofá da sala. No quarto do sono. Dentro de um livro. No perfume e nos cigarros.
Na aula. No violão. Nos pingos de chuva. Nos gritos. No mundo virtual.
Nos pedacinhos; nas viagens; na infância; na relevância.
Na mancha, no branco, no preto no branco: no escuro.
Na moralidade: toda ética: todo o tempo...: nos restos.
Na pele, no peito. Nas fotografias ou no silêncio...

Um conselho: acredite (apenas!?) nas palavras que você mesmo disser! O 'resto': deixe pra quem não sabe o que está fazendo.

domingo, 5 de outubro de 2008

If Were a Good Man...

Não é preciso estar longe pra sentir a distância. Basta estar atento às distrações... os olhos que não se buscam e mãos que não se aquecem. Dizem que nos sonhos, antes mesmo de as pessoas se tocarem, já podem sentir umas as outras; um abraço, antes de ser consumado, já gerava conforto e proteção.
É inútil se sentir inútil, todo mundo sabe, mas ao menos o lado triste ficará feliz com isso. Será um disfarce? Uma mentira ou cinema? Talvez seja uma pintura qualquer...
Existe algo maior em tudo isso, tenho certeza... só não sei quando e porque essa luz começou a brilhar tanto.
Can you hear me?
Can you feel me?
Can you help me?
Can you talk more often than you do?

domingo, 21 de setembro de 2008

L'Avventura Desventurada

Nada é fácil, mas algo há de ser certo.
Não façamos das nossas vidas algo desonesto.
A prudência... bem, não anda ao meu lado há um bom tempo, porém, seguir regras não é coisa simples.
Olhares contam histórias, mas só quando se entreolham.
Frutos e flores eu já tive; eu tenho.
O que eu era ainda é e ainda serei novamente. Busco e encontro-me no mesmo lugar da inconstância e sinceridade.
São amplitudes diferentes: planos, sonhos... o dia de amanhã não parece com o de hoje e nem o de ontem parece com algum que já tive.
As palavras sim... aquelas coisas inúteis. Estas mesmas. Teimam em ecoar nos papéis digitais. a confusão é iminente.
Hei de encontrar um sentido quando precisar... nada faz sentido e, talvez, esse seja o sentido onde não há; abandonar uma razão não encontrada e lutar pra não viver em função dela.
Eu sou o porquê, a razão e o motivo, mas não consigo entender.

[julho de 2008]

sábado, 20 de setembro de 2008

Artigo Preposicionadamente Irônico

Quando deixei minha casa, deixei nela 18 anos de busca por mim mesmo. Nunca quis admitir, mas nunca aprendi a dizer 'não' ou a fechar portas depois de passar por elas (igual à Calcanhotto) - as portas fechavam com o vento mesmo... era só eu me descuidar.

Vaguei por quilômetros e encontrei, atrasado uns seis meses, um abrigo próximo ao pontual - e, realmente, tirei alguns atrasos intencionais nele. Aprendi muito comigo mesmo; apanhei bastante e fui cansando.

Minha residência pontual perdeu seu guia religioso que, por sua vez, abriu os olhos e sentiu o sol na Íris: era o fim da meditação e o começo das provações.

Já se foram duas décadas e ainda esperava pelo que só me ocorreu há pouco: minha casa veio a mim, guiada por nove luas, ela me encontrou quando me perdi em mim tentando me encontrar. Minha casa me trouxe um pouco de fé na vida.

Fé...

Eu que não creio, agradeço à Santa Laura por ser o que eu precisava antes mesmo de eu saber disso.

"Às vezes, quando se perde, se ganha."

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A Complicação da Fuinha Que Quer Ser "Macaco-Mordomo"

Existem fugas que glorificam o espírito dos que têm bom coração, bem como, existem paixões que nos mostram um outro amor. Um amor maior que o certo ou o errado; maior que a própria existência passageira de seres egoístas por fora, mesquinhos e iludidos. Sim, este sou eu - mas não falo de mim.
Este é mais um texto em que, por viver experiências alheias, escrevo na tentativa de alertar a quem amo. Amor este, que nasceu em mim quando os sentimentos de outrem me tocaram não eram sentimentos dirigidos ao meu ego carente. Não era vontade de ser bom nem muito menos era o caminho que eu esperava trilhar. Ouvir um coração humano batendo de angústia ansiando por uma felicidade fugida de casa, me levou a procurar essa casa; a procurar uma felicidade que não é minha, em si, mas que se tornará quando for completa em seu verdadeiro ninho.
Há dias que venho lembrando dos grãos que morrem e das larvas que hibernam e tudo isso me guia pra um bem maior que eu, na minha pequenez, fui a gripe que alertou para ter cuidado com a saúde; um vírus qualquer que encontrou função num organismo complexo que depende da sua simbiose pra ser completo. Amem-se... já se amam! Amém.



[dedicado]

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Gritos pra Torcida.

Passando de 'o melhor' para 'o pior', assim é quando falha o camisa 10; quando a bola e os pés entram no vale tudo e alguém se habilita juiz da vida e dos sonhos.
Nunca irei esquecer daquele gol que não foi feito, mesmo vestindo a camisa e dando meu sangue: o 10 será uma lembrança da boa fase e a insistência em não sorrir.
Jogávamos juntos, todos nós.
E de repente, ao me contundir, resolveram me aposentar com plenos vinte anos.
Tiraram a camisa.
Tiraram o que eu tinha.
Cobrou uma contusão, uma recensão e agora meu passe é só meu.
Aprendi que os gritos da torcida não são suficientes pra garantir um bom patrocinador que logo eles deixam de ecoar.
Chutar as bolas e as metáforas. Com força!
[...]
Menos a Lua...
A Lua não é metáfora e nem é fria como se pensa.
Eu conquistei o mundo (que está se destruindo por si só), agora irei conquistar a Lua.
Podemos até flutuar...
Lá as minhas contusões não importarão mais.
Lunático. Irei sumir.
Vou pro mundo lunar de carona com Exupéry e Nietzsche.
Eu, a Lua e a solidão...
Estarei sonhando outra vez?

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Menina que Aprendia sem Livros

Eu não entendia muito bem como funcionava aquilo, mas achava legal sentir as coisas de forma profunda como eles faziam.
Confesso sentir muita coisa também.
Minha irmã vivia num mundo de sonhos e o maior deles era a própria vida que levava, dividida com o namorado, o grande amor da sua existência.
Entranho, mas os sonhos às vezes pareciam pesadelos... Ela soluçava as lágrimas na frente de uma janela cheia de letras enquanto eu despertava inconsciente, e voltava a pegar no sono.
Era bom ter um irmão em casa, um homem, alguém que mudava e tornava-se parte do cenário.
Não era encenação, éramos uma família quase completa. Talvez eu tenha aprendido bem mais que algumas fórmulas matemáticas num domingo qualquer, mas só saberei daqui a alguns anos.
Não tenho pressa e nem carrego aquela ansiedade deles, sou só a espectadora.
Em algum momento, notei algo diferente. Um sorriso seco e sem açúcar, combinado com olhos toldados - era o despertar súbito antes da hora... Colocar os pés no chão e descobrir que além de não ter o tapete de costume, o piso era frio. Tive medo; eles tiveram náuseas.
As noites que se seguiram foram de muito pouco sono pra eles.
É provável que o cansaço os vença - talvez eles voltem a sonhar, mas não o mesmo sonho, e eles durmam em paz... quem sabe juntos!? Mas acho que não...
Todo mundo tem precisado de umas boas redes e de tardes ensolaradas pra compensar essas noites escrevendo.

sábado, 5 de julho de 2008

O Caminho é a Própria Busca

Não fui eu, nem foi a moça com sapatos vermelhos, nem foi o disco aranhado da vitrola da padaria...
Um rato observava e anotava na mente tudo que podia, do alto da sua torre de vigia - que não passava de um móvel velho à beira de uma sacada. Nos viu passar sem nos notarmos de verdade... Apressados.
Olhávamos, eu e tal moça, prum acidente ocorrido há pouco. Acendi depressa um cigarro enquanto atravessava a rua congestionada. Ela segurava a bolsa e tomava um chá gelado. Não olhei nos olhos e creio que ela tenha feito o mesmo. Talvez houvesse algum sentido nos olhares, mas não chegou a acontecer.
Enfim, o barulho foi causado pelo acidente. A vida ceifou-se rápido daqueles corpos... Mas tínhamos nossas próprias vidas pra cuidar.
Ao entrar em casa, percebi seu olhar distante e notei que ele usava um capacete - na verdade era uma tampinha de coca que ficara presa em sua cabeça.
No âmago das suas reflexões, entendeu que a vida era efêmera e pensou na sua própria: espectador... Figurante.
Sim, era um rato... Não era pior nem melhor que eu.
Recostei-me junto à sacada e observei-o por alguns instantes, reciprocamente.
Ele me pediu pra ter cuidado com a vida, pois ela só servia aos que a adoravam. Pediu atenção pra saber sentir o que a vida pede em seu desequilíbrio. Depois disso, passou a falar como se falasse consigo mesmo:
- A contemplação da vida com paixão leva-me a encontrar ‘o caminho de viver’ dentro de mim mesmo.
Ele em seu mundo pequeno e solitário, sorriu, fechou os olhos e disse que a maior perda da vida é o que deixamos morrer dentro de nós enquanto vivemos.
Deu-me as costas e saiu cantando uma adaptação que ele mesmo fez de uma velha canção...
Assim ele se foi e nunca mais o vi.
Fiquei o resto do dia observando as nuvens enquanto o relógio badalava a cada quarto de hora.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Por Onde Andei?

Somos crianças correndo em círculos, círculos que se fecham pela falta de sentido.
Somos o esboço da Loucura de forma mais fraterna e eufêmica. Os filhos da revolução que se travou dentro de nós mesmos.
Somos o silêncio que grita acordando todo mundo na madrugada... A vizinhança inteira sente as dores que sentimos.
Somos dotados de poder de decisão. Poder este, que afeta nossos caminhos, nossos círculos.
A linha parabólica tem lugar certo pra percorrer, mas nós não sabemos a nossa função. Não temos função definida e vagamos a esmo à procura de respostas... À procura da melhor decisão, do melhor caminho.
Ás vezes, temos que voltar e percorrer tudo novamente, como se estivéssemos correndo na direção contrária à que o círculo nos propõe.
Apenas corremos demais.
Encontraremos a pipa perdida?
Viveremos o fado da repetição dos nossos erros?
Poderemos viver as coisas boas do plano “A” estando no plano cartesiano?
É melhor corrermos mesmo... Pra comprar sonhos antes que as padarias fechem as portas.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Vidro Quebrado no Castelo Caído

Cá estamos no 2º andar de um fábrica de palavras, pertinho da administração.
Eu, a moça com o jarro, o pescador... figurinhas inertes num móvel qualquer perto de uma janela ensolarada.
Pouca gente nos nota, mas preocupam-se com nossa poeira.
Há vinte anos eu fui feito com carinho; há alguns meses, alguém me comprou com palavras: uma pechincha. Hoje sou uma lembrança esquecida.
Um pássaro de vidro.
Trancaram-me na gaiola, ensolarada durante o dia, mas fria à noite, de pedras e palavras... um prédio rosa que deveria ser azul.
Esperavam que eu cantasse, mas sou vidro, transparente e insípido, não canto sozinho. Pra mim só resta o canto... o canto da ante-sala.
Penso em voar pela janela e curtir o sol... nem que eu me quebre em queda livre, como qualquer objeto que se lança pela janela.
Mas não. Já vendi sonhos... com 90% de desconto e a prazo. Ainda lembro como é, mas não durmo mais.
Mas esse é outro texto. Não sou pombo-correio.
No saguão, Legião tocou o dia inteiro e até os empresários pensaram um pouco na vida...
Mas era segunda-feira... não me notaram e seguiram suas vidas.

domingo, 29 de junho de 2008

Amor Além da Vida

Ela jogou tinta no quadro que cuidou tanto e, com isso, desfez o sorriso dele no paraíso.
As folhas caíram e o céu escureceu. Dele ouvia-se a dor nos olhos e tive a impressão de ver rachaduras nas lembranças das pessoas que deixou pra trás.
Aos prantos, ela despedaçou-se no relento da solidão emocional e do abandono forçado pelo destino cruel. Suicídio. Inferno. Espera sem lembranças.
Ele e o paraíso namoravam sem muito amor... faltavam as pessoas que habitavam o coração estarem naquela música.
Enfim, ele tomou ciência da ausência de vida em sua amada e do seu novo lar escuro.
Ele a deixaria afundar em meio às piranhas devoradoras?
Não.
Então decidiu pular naquelas águas nefastas e proteger o ser amado do que fez a si próprio.
Ela não o viu quando conversou com ele: viu um outro alguém; viu apenas uma pessoa.
Os dias passavam e ela continuava com o coração vendado. Ele insistia em prosseguir com a demanda, mas percebeu que nunca conseguiria sem que ela o ajudasse também.
Resignou seu desejo de viver no céu e o converteu totalmente em amor, negando a luz pra ficar nas trevas com a amada, mesmo que ela nunca mais o notasse como antes.
[...]

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Destempero Com Sabor de Fome.

Será que não continuo sendo o mesmo?
O mesmo ignorante egoísta, insensível às inseguranças alheias quando a minha entra em campo?
Este ser repugnante, por loucura ou por paixão (redundantemente sinônimos), já foi digno de um pouco mais do que ocasionais 'saudações repetidas a esmo'.
Houve tempo e que bem antes de serem cordiais, as pessoas eram sinceras, eufêmicas.
As pessoas é que mudaram.
Abriram os olhos pros meus defeitos e esqueceram-se dos próprios.
Neste momento, trocamos de lugar.com a sensibilidade de quem precisa reagir, a ignorância força-se a ir embora e o egoísmo torna-se inseguro.
Se fosse pra eu roubar versos agora, roubaria apenas uma frase: 'errar na mesma proporção' e acrescentaria um 'e um pouco mais' pra personificar o itinerário do mês, onde o 'amor próprio' foi possessivo e destituiu os demais amores de seus postos.
Ora, olha o verdadeiro egoísta e insensível aí!
Despido de altruísmo para com seus irmãos, enfia-se numa redoma e joga sal nos olhos do bom senso.
Auto-suficiente, o amor próprio despreza outro amor como complemento da felicidade que pensa ter, querendo fazer tudo sozinho. Eleva o ego de quem o venera, usando como escada o vazio camuflado que deixa no peito (só se nota com o tempo).
Amar-se não é expropriar o amor da posição suprema, mas sim dar as mãos e caminhar no mesmo patamar e em busca da mesma felicidade.
Excesso de amor (conjugal, maternal etc.) ou de amor próprio, vividos separadamente, dá câncer!
Ame-se e cuide-se, é o que o ‘pólos’ amorosos têm que ter em mente e dizer ao 'oposto'.
Amo-te e cuido-te, é o que tempera a ponte.

[espero que não entendam como apologia ao 'não amor próprio']

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Sonho Clandestino

Não sou poeta
Não faço das palavras
Um brinquedo
Com papel
Nem meu violão
Quer deixar sua tristeza em casa
Nos boleros de plástico

Seria mais fácil
Se eu fosse o Vinícius de Moraes
Toda tarde de domingo
E se eu fosse
O palhaço charlatão
Do seu circo sem futuro

Mas meu caminho a chuva apagou
Nos meus olhos o céu nunca mais abriu
No meu caderno você desenhou
Algum sonho do Floyd ou do Tom
No seu sonho clandestino
Não sou mais que um menino

Seria mais fácil
Se eu fosse o Vinícius de Moraes
Toda tarde de domingo
Iria mais longe
Se eu pudesse ser
Um cobertor, um caminho.
O amanhecer com um sonho bom.


[em 20.11.2007, adaptada ao longo dos últimos instantes]

A Medida dos Anjos

Uma última chance, a cada dia, era o que ele pedia.
Uma amizade sincera, à distância, era ao que ela dava importância.
As lembranças davam esperança; os momentos, insegurança.
Os olhos pediam paz.
Os lábios temiam.
Os ouvidos queriam uma música feliz.
Os narizes estavam frios.
As mãos davam: uma dava pedra, a outra dava papel. (havia uma tesoura neste jogo que hora queria cortar tudo, outra hora queria apenas cortar o mal de alguns dias angustiantes).
Somos mesmo anjos! De uma asa só...
Precisamos os abraçar pra poder chegar às nuvens e levar os pedidos de felicidade eterna.
Se nos soltarmos, cairemos.
Se nos apertarmos, sufocaremos.
A medida certa é o amor. De preferência sem medida, como diz o ex-barbudo.
É juntar esforços pra ter o balanço certo entre a paixão e a amizade.
Este tal balanço é o que se chama amor.

Confusão Com Fusão ou Sem Fusão

Uma palavra.
Um segundo.
A última cena.
Tudo muda...
Salvar-se-á aquele que se arrepender no último suspiro?
Condenar-se-á aquele que pecar no último instante?
Eu tenho amor por você.
Eu tenho medo de você.
Algumas palavras; um ano e pouco... três semanas. Quase vinte. Mais que 17.
O resto de uma vida inteira.
Aprendemos todo dia...
Mas não sabemos lidar com nossas vidas.
Aprendemos?
Pratiquemos.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O Pulso.

Um beijo de olhos abertos seguido de um abraço quase apertado. Os corações quase bateram juntos - as pessoas já haviam batido demais neles.
Agora um bate forte em si mesmo e apanha feio enquanto o outro observa de longe, indiferente. Este, só espera que o outro continue pulsando; aquele sonha em poder acordar do pesadelo de viver morto.
(8)... sonho, sexo, paixão...(8) e a Balada do amor Inabalável vai tocando cada vez mais baixinho pra quem sorria ao ver a cena.
Os atores interpretaram o ato final e a chuva molhou olhos demais sem perdão e, assim sendo, não houve aplauso final.

Sem Dança... Só Chuva.

Vieras assim, dia de chuva: sem livros, sem coca, sem sono.
A alegria da grande nuvem negra era ter companhia pra madrugada. Pingos em si bemol entoavam a ópera profunda antes da sonata em mi maior.
Tive também vontade de cantar, de dançar, de convidar... Mas a mulata de louça tinha um jarro pra levar não sei onde; o pescador de barro preferiu ficar no próprio barco; o resto, o povo de gesso, não detinha molejo algum e, os que pareciam ter a tal graça, já tinham par.
Desisti enfim.
Fui tomar chá e encontrar metáforas na minha imaginação pra escrevê-las á lápis grafite. Pensei na minha caneta, mas as nuvens encobriram todas as estrelas.
[...]

domingo, 22 de junho de 2008

Teorema

naquelas horas que te encontro
pensando sobre o tempo
que vai queimando
teus cigarros na memória

eternos planos sem encanto
envelhecem os teus cabelos
no cotidiano dos teus sonhos
tudo na vida é descartável

quando ninguém mais vai ao teu quarto
e o silêncio te joga no fundo da cama
onde havia alguém
agora há sombras
onde está a pedra que marcava o caminho
da tua volta pra casa?

[em 10.07.2007, adaptada em 13.03.2008]

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Fim de Tarde, Um Novo Começo.

No início, não passava de uma bola laranja qualquer. Para alguns, era mais cenoura do que laranja.
Fazia um pouco de frio naquele horário: céu aberto, sem sol, sem estrelas... sem torcida.
Quem passava, não parecia entender a importância daqueles movimentos imperfeitos repetidos até aproximarem-se de algo bonito ou útil. Fizeram pouco caso e, com isso, assim tivemos um momento só nosso 'o momento'.
Pensar que minha paixão havia empedrado com o tempo e a distância era um ledo engano.
Consegui ser simpático e fui agraciado com belos sorrisos. Os tais reconfortaram e serviram de incentivo (nunca fui de desistir mesmo...).
A cenoura redonda também foi encantando-se com meus esforços e nos tornamos cada vez mais cúmplices. Foi uma dura conquista. Havia o tal friozinho na barriga a cada investida. Éramos mais que amigos naquele momento e, naquela simbiose, voltamos pra casa abraçados.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Duas flores no Deserto

O ímpeto de termos flores
Num deserto frio e salgado
Faz brotar nos olhos a chama
Essência de nosso abrigo

Fragilidades partilhadas, despedaçadas
Por uma única bandeira
Avistada num olhar audacioso
Por cima das dunas, a esperança

Querendo ter teu cheiro
Impregnado em minha boca
Sempre que ela tocasse
Num beijo quente, tua rosa

Vivo cantando a vida (nos versos)
Que eu queria ter feito
Do nosso oásis perfumado
De cirandas e valsinhas, todo o tempo.



[em 21.12.2006]

Algumas Horas Depois

Ando parecendo um deserto
Na falta do meu oásis,
Do meu recanto de olhos que parecem água,
Dos beijos que saciam a sede.
A amplitude do que penso já toma conta de mim.
Não há limites pra sentir-se só...
Depois de ser completo,
Saudades não têm tradução porque dói pensar muito nisso.
Chego ao absurdo de pensar em traição
E
começo a olhar pra uma garrafa ácida
Como tiro certeiro de misericórdia...
Não faço nada...espero por ela; por você.
Contra tudo e contra todos,
Faço preces ao coração que se desfaz em pranto,
Para que faça companhia à esperança
Até que ela morra de satisfação no reencontro.


[em 23.08.2007]

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Fernando Pessoa

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Perda?

Pode dizer que ‘perdeu’... aquele que rasgou e deixou tudo pra trás? 'Foi melhor assim'... deixar a covardia ser sua guia? Quem deu legitimidade ao tempo pra que ele julgasse a procedência de dois corações?

O tempo só nos envelhece... serve muito pros que não querem viver, encarar de frente a vida. Enquanto a melancolia parece tomar conta dos meus olhos úmidos, o tempo é quem deixa minha comida ficar fria enquanto penso nos planos frustrados, enquanto olho pro prato solitário sob a mesa pálida.

Penso em coisas tímidas que fiz como o adeus que não teve veemência suficiente; no amor que nasceu, cresceu e morreu estéril; na falta de piedade dos carrascos consigo próprios ao chegar a casa... talvez arrependimento. Os Senhores dos Anéis não mais se fartarão das empolgações do pobre homem que acreditava mudar de vida e deixar de causar sofrimento aos próximos.

Não. Eu não sou o carrasco dessa história. O tempo é que castiga e acaba com o futuro... transforma-o em passado num piscar de lábios. Sou o ponteiro do relógio: ando em círculos; preciso de corda pra andar... sinto que estou parando.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Castelos de Areia

Fico admirado com a bela forma de escrever coisas tão tristes. Esse mundo é mesmo difícil de compreender... Amores e mágoas sob o mesmo teto; Cortesia e gentilezas comungando com a grosseria e o egoísmo.
[...]

Maturidade nas paixões requer tempo, paciência e dedicação... Toda paixão, no início, é latente, mas também é frágil. Mesmo um castelo de areia pode ficar de pé pela eternidade se não deixarmos os ventos, a água, os tremores, as pessoas, [...], interferirem na sua plenitude. Além do mais, podemos reforçar suas paredes com pedras angulares e coloridas. Podemos colocar esse castelo de paixão sob uma redoma, similar à da Flor do Pequeno Príncipe, uma redoma de e por amor.

A bem da verdade, todo relacionamento deveria começar na areia... como brincadeira de criança. Sem tecnologia ou grandes arquiteturas... Quando um cai, o outro estende a mão; quando um bate no outro, se arrepende e o afaga; quando um ri, o outro também; quando há "ingênua claridade" e quando há "silêncio", tem que haver cumplicidade nas horas difíceis. Quatro mãos construindo e limpando-se.

Talvez a melhor maneira de lidar com um problema seja ajudando os que também o tem. Há castelos pra uns que não passam de poeira pra outros. Compreender a necessidade da ação deve vir depois da outra compreensão, que é, a priori, a mais importante: a compreensão da necessidade de ajudar!

sábado, 7 de junho de 2008

Mulheres no meu quarto...



Mãos dadas, sorrisos e lágrimas. Falavam de mim o tempo inteiro.
- Estão tramando coisas!
Era o que o meu lado inseguro e sádico gritava em meu ouvido esquerdo.
Já no direito, o anjo da compreensão sussurrava esperança e paz.
- Elas amam você, seu bobo!

Indecisão era o que meus dedos demonstravam, a cada tecla pressionada - eu não era o herói, mas meu cavalo já falava inglês. Eu estava muito próximo de ter um bom insite, "brain storm", como dizem os grandes produtores de dinheiro de Hollywood, que, por sinal, deveriam interessar-se pela minha vida... (ao menos eles... é pedir demais?).

Mas não tive insite e nem surgiram produtores. Era só adrenalina.
Não sei do resultado da trama amorosa (vou chamar assim pra atender tanto à direita como à esquerda).
Tenho medo de perguntar.
Elas sabem o que fazem... e se não souberem, eu só posso esperar que o acaso nos defenda.



hakuna matata!

PS.
Amo vocês!
Tchica, sempre há uma maneira de ser bom (a) de novo.

Atordoado.

“Fico feliz por saber que por mais decepções que a vida nos oferece, há dentro de mim uma esperança ‘imortal’, que parece me fortalecer nos momentos mais tristes.
Fico feliz quando alguém se importa e nota o que eu faço. Acho que todo ser humano tem um pouco de vontade de ser compreendido e reconhecido”.

São palavras de quem me fez feliz, me fez amar.
De quem me mostrou que mudar pra melhor, não é perder minha essência; mudar pro próprio bem, traz bem a quem amamos.
Mostrou-me os valores que há muito tinham se perdido de mim... a ver a lua brilhando, o sorriso brotando, a amizade nascendo.
Por mais coisas óbvias que eu disser, ainda estou atordoado com o que fui capaz de fazer... capaz de esperar o pior de quem se dedicou mais do que eu mereci por todo o tempo.
Ao menos resta buscar a redenção do perdão.
Trazer a felicidade a quem eu tirei.
Quiçá, voltar a merecer um 'eu te amo' cheio de sorrisos.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Bic

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que a Bic sempre acaba?

Tinha a ponta grossa e macia, era bem comum encontrar nela a felicidade de muita gente... Mesmo em quem não possuía uma, tinha nelas um ponto de referência ou simplesmente dava à consagração dos seus tons, em especial do azul, importância deveras.

Era dedicada. Era forte. Uma simples queda, caso não reiterada, não era capaz de suprimir seu amor pelos sentimentos, em especial, o próprio amor. Mas o 'tempo' (que às vezes nem chega a nascer) deteriora tudo, todos, todas elas...

Pena que as lágrimas borram tudo. Pobres dos bilhetinhos azuis e de quem depositava neles as maiores esperanças da vida. Diferente do que ocorre na vida real, quando alguém demora demais pra expor algo importante, deixando suspenso no ar o clima tenso, nos filmes as palavras sempre vêm de forma afirmativa, construtiva... era como se aquilo fosse algum coito entre a expectativa ruim e a boa, e dele nascia a felicidade: um 'sim' azul.

O Lulu, neandertal do pop n' roll, me disse que "a morte cai do azul"... mas ele não é o último romântico! Nem eu... não tenho mais minha Bic azul.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

coke & smoke

Parceiros (ou 'as' pra quem preferir chamar assim – eu prefiro e assim o farei) há décadas, das noites insólitas e ébrias, têm muita história pra contar, mas em geral, ficam em silêncio mesmo... Num jogo de sedução inerte, que atrai olhares que salivam, que babam...

A conquista do espaço requer dedicação:

Primeiro passo é levantar-se, mostrar grandeza... Ir direto àquela maravilha high tech branquinha e fria, abri-la aos poucos pra não haver gemidos... Daí ela entrega-se e entrega! Molha todo o copo e pede que a língua seja usada...
O segundo passo requer atenção! Ter bons reflexos e cuidar bem dos dedos... Tarada numa boca carnuda com gostinho da companheira ainda latente – ou de skol, adora um brinquedinho flamejante, que por sua vez, morre de amores por carícias com o polegar (de preferência o da mão direita), mas isso não vem ao caso.

E a orgia trafega pela casa na noite antes solitária - computadores nuca aprenderam a ser afáveis... Uma névoa toma conta do ar e lá se vai a primeira, tragada com força, a plenos pulmões. Depois, ao sentar, a segunda vai desvanecendo-se vazia com o clima, trazendo prazer ao passar pelo pescoço, pra, em seguida ficar, acariciando a bexiga do felizardo (a)...


O Senhor Cigarro adverte: o Governo faz mal a saúde!
Curta o lado coca-cola da noite!

Dual

É engraçado como num momento crucial, que é a primeira postagem no meu primeiro blog, nada me ocorra pra iniciar o texto além de dizer ‘é engraçado’.
tsq tsq
Sendo ou não, crucial ou engraçado, não é bem minha praia... meus últimos dias é que têm sido cruciais, mas com muito pouca graça. (e talvez eles deixem de ser praia...).
é difícil esperar esperança de alguém quando a minha própria anda com medo das exigências que eu faço. É difícil manter-me firme depois de tantos “não’s” em tão pouco tempo.
Não se pode vencer uma batalha contra si próprio sem sair perdendo...
O legal dessa vida é estar de bem com a própria sombra, com o espelho, com o que se come... Comsigo mesmo! É se resolver antes de mais nada e de quase tudo.
O grande problema é deixar de ser um “eu” para ser um “nós”.
Chegando a essa epifania, as coisas tendem ficar mais bonitas, mais calmas, mais carinhosas... Por pouco tempo!
Logo o “nós” será mais complexo do que uma letra do Zé Ramalho falando sobre a mente do Dr. Lecter. Nenhum dos “eu’s” quer largar o osso da vida que leva: o lado esquerdo da cama, o último biscoito do pacote, os scraps carinhosos e incômodos advindos de terceiros (e às vezes quartos...).
Por mais que se lute, sempre sobra um pedacinho de motivo do dia anterior pra requentar e usar no dia seguinte como complemento.
E o “nós”, como é que fica enquanto os “eu’s” devoram-se e vomitam-se?
Ele, o “nós”, não tem culpa de ter nascido... cada “eu” deve assumir sua responsabilidade quanto à existência dele, o “nós”, e ouvir o que o velho sábio disse usando os últimos bônus da TIM que ainda lhe restavam: “a grandeza de um homem está nas coisas que ele pode ceder”.



“Felicidade
Não existe
O que existe na vida
São momentos felizes
Vamos fazer dessa noite
A noite mais linda do mundo”
(Odair José)

Let’s move!

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