segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Menina que Aprendia sem Livros

Eu não entendia muito bem como funcionava aquilo, mas achava legal sentir as coisas de forma profunda como eles faziam.
Confesso sentir muita coisa também.
Minha irmã vivia num mundo de sonhos e o maior deles era a própria vida que levava, dividida com o namorado, o grande amor da sua existência.
Entranho, mas os sonhos às vezes pareciam pesadelos... Ela soluçava as lágrimas na frente de uma janela cheia de letras enquanto eu despertava inconsciente, e voltava a pegar no sono.
Era bom ter um irmão em casa, um homem, alguém que mudava e tornava-se parte do cenário.
Não era encenação, éramos uma família quase completa. Talvez eu tenha aprendido bem mais que algumas fórmulas matemáticas num domingo qualquer, mas só saberei daqui a alguns anos.
Não tenho pressa e nem carrego aquela ansiedade deles, sou só a espectadora.
Em algum momento, notei algo diferente. Um sorriso seco e sem açúcar, combinado com olhos toldados - era o despertar súbito antes da hora... Colocar os pés no chão e descobrir que além de não ter o tapete de costume, o piso era frio. Tive medo; eles tiveram náuseas.
As noites que se seguiram foram de muito pouco sono pra eles.
É provável que o cansaço os vença - talvez eles voltem a sonhar, mas não o mesmo sonho, e eles durmam em paz... quem sabe juntos!? Mas acho que não...
Todo mundo tem precisado de umas boas redes e de tardes ensolaradas pra compensar essas noites escrevendo.

4 comentários:

  1. Sou o incansável e vencido.
    Sou o sonho e o pesadelo.
    Sou o que não é mais.
    Não sou.

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  2. Digamos que revelador,ou melhor inconsciente..
    ser sonho-pesadelo, incansável-vencido..
    quantas contradições..ou melhor um caminho sempre em dois caminhos..
    falta-lhe transformar isso tudo em um caminho só seu!
    Faça-o moço!
    muitas coisas ditas ai, parece-me muito familiar..^^

    ahh..muito bom...=]

    ;**

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Comentários