quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Norteamento

O desamor me fez amar; ser incompreendido me fez compreender que nem sempre o que mais precisamos pra sentir felicidade é ter êxito nas nossas metas.

Somos organismos dotados de psique complicada e essa complicação às vezes nos cega: uma boa forma de dedicar-se a si mesmo é, justamente, dedicar-se a outra pessoa. Isso é o que traz verdadeira realização. (piegas mode: on)

Minha confiança precisa de mais do que 'xavecos baratos' pra ser conquistada... Precisa sim de atitudes verdadeiras: sinceridade e dedicação. A paciência é mero desmembramento dessa dedicação, e a esperança, o combustível.

Realização é a reciprocidade disso, ou o complemento.

Dedique-se ao que permite dedicação - a sinceridade pra dar e receber é implícita e explícita.

Bocas que se acoplam perfeitamente; olhares que se buscam; corpos frios que reagem, um ao outro, aquecendo-se: façam um mapa pra não se perderem no caminho.



[sim, as pedras...]

domingo, 1 de fevereiro de 2009

O Coração do Homem-Bomba

O coração humano moderno é cheio de buracos emocionais. Antigamente havia brilho, havia brio... As sombras serviram pra separar os problemas do homem médio das suas alegrias: eram meras fronteiras entre a luz azul da felicidade e a vermelha dos problemas. Hoje é isolamento; o decúbito dorsal circular que nos importuna com sua morosidade no rancor e nas chateações engrandecidas, que nem o pertencem.
Como o escuro chegou ao poder?
Esquecemos das pequenas coisas; dos pequenos gestos.
Os grandes discursos causaram euforia momentânea; os pequenos gestos conquistaram a felicidade.




[o escuro parece ser mais democrático]

Reinventando

Estuprando a máquina de escrever, foi isso o que me vi fazendo ao olhar pro espelho no teto (se é que se pode chamar aquilo de teto... além do mais, eu não lembro se eu estava deitado no chão ou numa parede. [...] talvez o espelho fosse no chão ou na parede...).

Alguém já copulou com uma máquina novinha em folha, sem folgas e com as fitas bem lubrificadas e cheias de tinta?

É incrível arrolar os dedos em seus relevos e, com isso, provocar gemidos e estalidos que registram gametas no papel.

Quando ela está chegando ao período fértil as coisas mudam um pouco: crescem pregos pontiagudos em suas teclas, uma tal de TPM (TPM = tenho pregos pra machucar). Mas ao que parece, o prazer dela aumenta consideravelmente.

Ah, o prazer! [...]

Sentir o sangue tomando minha mão, respingando na cama e subornando todas as emoções... Eu sentia que escreveria cada vez mais, entretanto, muito sangue desnecessário foi jogado naqueles papéis obsoletos.

Não confio em maquinas onde muita gente mete a mão com um sorriso cínico, mesmo sem ter a mínima noção gramatical. Só uso a minha própria e exclusiva máquina.

Tenho trabalhado numa máquina nova. Estou apaixonado pela dureza das teclas e pela suavidade de seus ruídos. Ela tem um tom firme e poucas palavras, ainda, e quando não consigo mais reter meus impulsos, pego meu lápis e ejaculo mais um texto.

[este é só um dentre muitos que estão envelhecendo em barris desde a minha última postagem. não lembro quando fiz]

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