Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Fernando Pessoa
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Ei. Como estás?
ResponderExcluirLindo post. Esse Fernando é realmente uma PESSOA!!!!
Bjo.
Complexo demais até para a complexidade que criei de mim.Prefiro não dividir minha alma e nem me questionar sobre isso, divido apenas as minhas máscaras e de mil personas me faço único, tal feito o arco-íris de tantas cores que nem podemos ver...
ResponderExcluirahh
ResponderExcluiradoro esse poema
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
lindo msm...